Um comboio e um relógio
e uma rua pelo meio...
um antes do comboio e das linhas de ferro,
outro mundo para lá
do relógio, das pontes, do rio, do mar.
Antes do comboio, ou seria um avião,
os sonhos chegavam de barco,
que importa: em qualquer lado
há sempre uma estação
e escadas, bilhetes, papeis, sonhos,
malas, malas, caixotes e mais sonhos,
e um língua amada, muitas línguas,
e outra lingua nova ignorada.
Para trás ficavam outros sonhos, sons, línguas,
palavras, corações, razões para dizer não.
O que sempre vinha era a vontade,
a força da mente e dos braços
(ai, as mãos...)
(ai, as mãos...)
e das palavras.
Arte de Fernando Silva
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