Monday, March 11, 2013

todos os dias



o homem dos bigodes
o mesmo todos os dias
e da bata semi-branca
a mesma de todos os dias
impassível aos olhares
os mesmos de todos os dias

sobe e desce no buraco
em qualquer dia
de onde renasce algo novo
em qualquer dia
uma esperança em cada ida
amanhã também é dia

é esta sina que carrego
todos os dias
nas caixas que descarrego
todos os dias
pesadas de tantos anos
e tantos dias

não há sorte que mude
um só dia!...
ou que o relógio do passeio
cada dia
acerte as minhas horas
e os meus dias

crescem-lhe os bigodes
todos os dias
e por mais que cresçam
as horas no verão
não crescem os dias
os seus dias

os que passam não escondem
as sombras dos dias
mas ele não se esconde
na noite dos dias
cara fechada que esconde
o escuro do dia

com um sorriso responde
aos bons dias
e esconde as dores
todos os dias
nas mãos da rotina
de muitos dias

são os mesmos degraus
todos os dias
é o mesmo o salário
de outros dia
quando conta os degraus
dia após dia                           

e  à noite sonha
com todos os dias
no buraco de onde sai
mais um dia
morreu mais um sonho
de mais um dia

pela manhã quando acorda
para mais um dia
que passe veloz é o desejo
oração de cada dia
e que a noite aconchegue
o corpo do dia

dia a dia que passa
é mais um dia
entre a dor e a esperança
de um novo dia
desperta! força! e avança
para mais um dia

amanhã também é! será?
será... dia
diferente no olhar distante
do dia?
um dia novo? mais um
ou um novo dia...

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